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Os resquícios do pó de dinamite: as explosões, o rejeito e a aniquilação

  • Foto do escritor: Coletivo Maria da Glória
    Coletivo Maria da Glória
  • 29 de jul. de 2021
  • 2 min de leitura


A serra do Sincorá é um sistema orográfico situado na borda centro-oriental da Chapada Diamantina, atinge altitudes com até 1700m com vales ingremes e profundos, constituída por rochas de idade mesoproterozóica, arenitos e conglomerados pertencentes à formação Tombador.

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Em 1844 foi descoberto em suas expressivas escarpas diamantes, a partir desta os conglomerados da formação Tombador foram garimpados até 1871, quando a produção entrou em declínio. Durante esse período (1844 -1871) houve períodos de intensos fluxos migratórios para a região, nesse processo homens com elevador poder político e econômico apropriaram-se de terras e aumentaram seu capital através da garimpagem e do agronegócio.

Uma caçada que ocorreu em dois ciclos, manual e mecânico bem no meio das serras, metidos em cascalhões, grutas, brejos e barrancos, homens perseguiam os aluviões diamantíferos, a exploração, a violência colonial e o genocídio de populações minoritárias são parte do histórico da região.

Nesse contexto a Comunidade Quilombola de Iúna se estabeleceu em Lençóis, em meio a um longo período de estiagem na região a partir de 1932, por famílias oriundas de Remanso, Estiva, Andaraí, Nova Redenção e Ibiquera que compartilhavam traços e histórias semelhantes em termos de costumes, e também na experiência de desapropriação. Contudo a comunidade conseguiu a titulação de seu território por parte do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em 2015.

Em 2017, um dos lideres da comunidade foi assassinado, posteriormente o quilombo de Iuná foi alvo de uma chacina que vitimou seis pessoas, esses acontecimentos demostram que os conflitos nessas regiões permanecem atingindo a vida dos povos tradicionais, os coronéis que comandam o agronegócio permanecem como ratos agarrados nos buracos do rejeito produzido pelos garimpos, que em meio à conjuntura política dos últimos resolveram sair espalhando insegurança e medo, essa situação vem levando, mais uma vez, os descentes dos perseguidores dos diamantes, os garimpeiros, ao êxodo para evitar a aniquilação. A comunidade de Iuná segue aguardando que sejam definidas medidas protetivas de urgência para que as pessoas permaneçam no território sem que os resquícios da dinamite os impeçam de almejar o futuro.

 
 
 

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